Despejar

Não vejo Seus olhos

Nem mesmo sinto Seu abraço

Não mais

Não agora

E o vazio se enche da dor da perda

Seu silêncio me faz gritar

Pois é fácil ter respostas rápidas

Difícil é se manter em pé

Quando te socam o estomâgo 

Debaixo de uma chuva gelada

Querer o amor e receber o silêncio

Querer o colo e receber as costas

Precisar das mãos e ver braços cruzados

Desejar a ação e ver... Nada

Minha expectativa na espera é sobre mim

Mas minha paz durante a dor é sobre Ti

ANTIGA MENTE

Quem dera se a mente conseguisse seguir o tempo como deve ser
Se o coração deixasse de ter amarras
Se os olhos só olhassem pra frente
E jamais se fechassem
Pra não lembrar da antiga mente
Pra não lembrar das palavras que se chocaram
E fizeram os sentimentos se enlaçarem

Tudo seria futuro
Desde o pensamento ao acordar
Até a organização da agenda
E as visitas ao calendário
Nunca mais contariam quantos dias se foram
Desde que tudo se fez agora

Bem, e eu...
Quanto a mim sigo vivendo com a antiga mente guardada
Aprendendo a dar espaço a sua nova versão
Porque pelo que me parece, é assim que as coisas são
Mas o abraço de mim mesma nessa antiga mente
Me faz lembrar que nada se deixa pra trás
Apenas muda de lugar

Linha

Pela primeira vez durante um bom tempo observo o futuro
Sem tantas amarras
Sem tanta bagagem
Sem tanta gente dentro de mim
Me parece ser uma das coisas que o poder do tempo faz:

Te puxa pro futuro
Te devolve a razão
Te obriga a ver as coisas como elas são

Se um dia alguém voltar atrás
Me traga lembranças daquele lugar
E notícias das pessoas
Eu quero saber como tudo está do lado de lá
Mas tenho certeza: jamais irei voltar

Debaixo do sol que caminho
Passos tão tortos
Rumo a um lugar imaginável porém desconhecido
E embora os dias não sejam mais mágicos
Sei que é pra onde devo ir

Cortar sua própria raiz para não morrer num solo ruim
Pode ser a única saída
Pra poder erguer os olhos e ver uma linha
Que ninguém nunca alcança por mais que ande
É a linha do futuro, do horizonte
E o horizonte é infinito

Enquanto eu sentir o sol queimar a pele
Terei caminhos a seguir

03:24 AM

Quando o coração transborda em sentimentos
Mas a boca fica muda
É sinal de um transbordar que ninguém é capaz de compreender
Quando por dentro existe guerra e por fora calmaria
É a hora de dar um tempo

Tempo da interferência externa
Das opiniões
Dos protocolos
Tempo desse tempo que a gente vive

Eu sinto muito
E é difícil pra alguém de pouco sentir
Compreender que meus sentimentos são oceanos presos numa alma
Então, eu sinto muito
Por você

Mas apesar disso, não tenho a pretensão de uma compreensão
Apenas aceito o que vier, seja o sim ou o não
Guerra de braço com os sentimentos
É perder pra si mesmo e deixar que uma parte sua vença
E que a outra perca

A madrugada e eu
Essa droga (inseparável) de playlist
Sentimentos que mudam com a maré
E uma filosofia que é minha
Mas que nem eu entendo

QUASE TÃO LIVRE COMO QUERIA SER

O tamanho do buraco no peito
Equivale ao que não foi feito
O medo é a ponte que nos leva aos nossos sonhos
E os sonhos revelam novos vôos

No dia em que eu descobri que a gente é quem decide o que sente
Me perguntei: "E porque tem tanta gente descontente?"
Eu não tenho o sentimento ele é que me tem
Sendo assim, o que me convém?

Só posso aceitar que eu não sou alguém de pouco sentir
E previsivelmente, sofro por cada um que partir
Mas transbordar é também um tesouro
Que me faz diferente do outro

Já vivi em gaiolas
Como pássaro que canta enquanto chora
As tristezas e desventuras
Sonhando com um dia viver nas alturas

Pois a liberdade me atraí
E me disseram que ela é uma bobagem que se vai
Mas o buraco no peito é do tamanho dela
Que é a seta que indica que a estrada escolhida com o coração é a certa

Fogo feito de liberdade
Sentimento a mil por hora feito combustão
E assim construo a minha verdade
Que me faz andar com o coração na boca e cérebro na mão

 

SOBRE O OUTRO E VOCÊ

Se partir
Se faça inteiro
Se abandonar
Seja seu próprio lar
Se desamar
Se encha amor

Se não encontrar tempo
Exclua o contato
Se não se lembrar mais
Guarde a memória
Se não quiser ficar
O aponte a estação mais próxima
Se continuar florescendo e doendo
Plante algo que te traga alento

Só não esqueça de você
Só não desame a vida
Não perca a esperança
Por ninguém
Em tempo algum
Não deixe o tempo ir
Se congelando no tempo que passou

E acredite
Você vai ser feliz
E receber o amor que deu
E ainda não recebeu
Basta dizer "sim"
E esperar
Que alguém um dia
Vai te colorir
E te fazer sorrir
PRA SEMPRE

Adeus nunca mais

Sentimos são como raios! Ninguém sabe a que horas e nem onde vão cair. Pensamentos são como ondas! Nunca param. E a vida segue com idas e vindas de tudo que preenche o ser humano. Já me diziam: "algumas pessoas são a ida, outras são a chegada e a estadia", mas como pode ser assim? Laços se cortam, vidas se desenroscam, promessas se quebram e corações são abandonados com dor sim, mas com facilidade. Que facilidade é essa que as pessoas tem? Quando você quer estar com alguém, seja amigo, um amor, primo, colega, família, você fica! Se você não fica, é porque não quer.
Mas será que alguém se lembra de mim com carinho? Será que eu já marquei a vida de alguém como tantas já marcaram a minha? Pois parece que o laço se desfez com tanta facilidade que a resposta parece ser "não".
Mesmo assim no meu caminho tem tantas lembranças, tantas pegadas... Na minha parede tem retrato de muita gente. E eu gosto assim. Sei que pra muitos eu apenas "passei" e não os culpo por isso, afinal cada um dá um valor diferente às pessoas! Mas pra mim, muitos passaram e marcaram. Marcaram com amor, dor, sorrisos, lágrimas, mãos, abraços, promessas, momentos e palavras. E eu guardei tudo porque sinto demais e não gosto de descartar pedaços da minha história. Sinto muito por cada um que se foi, porém sei que muitas vezes os caminhos que se cruzam e seguem juntos por um tempo, chegam ao momento de se separar e seguir sozinhos.
Espero não deixar ninguém mais ir. Impossível, eu sei! Não depende só de mim. Mas dentro daquilo que eu puder fazer, ninguém mais se vai. Porque o adeus dói como mil facas cravadas no peito. E a cada adeus foi isso que aconteceu. Então, enquanto eu puder, "adeus" nunca mais.